Terapia em férias

Terapia em férias

O ano escolar chegou ao final (a todos os pais que fizeram a dança da alegria, saibam que estou com vocês!), mas as rotinas vão novamente ser alteradas.
Se por um lado estávamos todos tão saturados do “teletudo” o vazio de ocupação do tempo vai ocorrer, muito mais com a interdição de movimentos ditos normais que continua instalada. E no meio disto tudo, onde fica a terapia?

A terapia também vai de férias?
Sim, mas por duas semanas! Duas semanas inteiras de puro descanso, direito ao ócio e ao rancor à leitura e à escrita.
Que fiquem TODOS livres de regras, obrigações, trabalhos, birras e afins.
Que se permitam os pais a um descanso mental e físico, os últimos meses foram duros, e que se permita aos nossos meninos um pós ano letivo/terapêutico verdadeiramente sentido.

Mas depois voltamos todos à casa de partida terapêutica. O jogo recomeça e as estratégias voltam a ser implementadas, e com elas as rotinas diárias dos exercícios.
Nem todos os meninos vão ficar na sua área de residência, férias longe de casa, ir visitar a família longe, ficar com os tios e tias. Para estes a sessão de terapia no local não pode ser feita, mas pode voltar a “teleterapia”.
Todos devem levar o seu caderno de trabalho de férias que é elaborado e entregue/enviado, de modo a que seja possível realizar atividade diária.
Atividades diárias, curtas – 10 a 15 minutos, específicas à necessidade de cada um e ao seu ano letivo, que permitam a interação da família. Ler e escrever são essenciais, mas brincar nas férias também.
Para todos que nos leem que já são acompanhados, mantenham as técnicas trabalhadas.

Para quem nos segue e ainda não conseguiu o apoio da terapia da fala deixo algumas sugestões a incluir nas vossas férias. Contudo tenho de reforçar, que as orientações que se seguem, não excluem a necessidade de serem avaliados e acompanhados por algum Terapeuta da Fala.

Vamos treinar a lateralidade e orientação temporo-espacial, distinguir a direita da esquerda, cima e baixo, frente e trás, são importantes para a organização cerebral. Primeiro em nós e depois na letra (grafema), usem também os números neste exercício.

Vamos trabalhar a motricidade, os lápis diminuem de espessura à medida que a idade aumenta, porque a nossa capacidade de preensão aumenta. Por isso se a preensão do lápis ainda for feita de modo errado, podemos aumentar o diâmetro do lápis e deixá-los treinar uns dias os movimentos, facilitando a aprendizagem. Ou podemos por outro lado adquirir pequenos adaptadores de borracha que se instalam na ponta do lápis, que permitem o correto posicionamento dos dedos. Podem ser tubulares ou terem o encaixe para o dedo indicador, podem ser adquiridos em papelarias normais ou até em lojas de produtos mais baratos.

Para os meninos que ainda não conseguiram memorizar o alfabeto, que tal criarmos os nosso? Escolhemos a letra (grafema), vamos descobrir várias palavras que se iniciem com aquele grafema, e recolhemos todas as imagens, colagens, impressões, recortes, sejam criativos.
Quando o alfabeto já estiver assimilado, vamos associar a letra (grafema) ao som. Novo dicionário de imagem/sons, o grafema faz vários sons, vamos fazer umas orelhas à letra (grafema) e vamos buscar imagens de palavras em que a letra apareça de várias maneiras. Orelhas no /a/, desenho da casa – palavra escrita, desenho da maçã – palavra escrita, desenho da banana– palavra escrita. Completamos este exercício pedindo à criança que depois do desenho encontrado e da palavra escrita (ajudem na escrita, seja escrevendo por eles, ou ditando letra a letra) e depois peçam para marcar o som do /a/ que seja forte, do nariz ou que seja mais fraquinho (ordem descrita acima).

Se estivermos em idades mais avançadas, vamos pegar em pequenos textos, de livros ou revistas, e vamos marcar uma letra só de uma cor escolhida. Trabalhamos o texto todo com a marcação, mas pedimos apenas um número de parágrafos para treino de leitura. Pedimos 3 leituras. No dia seguinte, uma leitura do que foi trabalhado e podemos treinar a escrita só das palavras marcadas.

Vamos todos tentar que na caminhada destas férias, as letras deixem de ser azedas e tragam para sempre o sabor do nosso mais guloso gelado de verão!

Adaptador para o lápis
Sara Lourenço Gomes

Terapeuta da Fala. Durante a minha licenciatura em terapia da fala percebi que afinal todas as dificuldades que tinha sentido na aprendizagem escolar tinham um nome. Talvez por isso seja tão estimulante e gratificante trabalhar e acompanhar o crescimento destas crianças no dia a dia.

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