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[Dislexia] Do som à compreensão
- Setembro 26, 2023
- por
- Sara Lourenço Gomes
Temos vindo a falar de alterações que podem estar presentes na dislexia.
Hoje trago o Processamento Auditivo Central.
Audição alterada? Nada disso, uma coisa é o que ouvimos, outra coisa é como processamos o que ouvimos.
O Processamento auditivo é a capacidade de interpretar o que ouvimos, necessitando de localização sonora e lateralização, discriminação auditiva reconhecimento dos aspetos temporais (resolução, mascaramento, integração e/ou ordenação), discriminação dos sons em ambientes acústicos pouco favoráveis
Pensemos no processamento auditivo como um prédio com elevador! Deste a porta do prédio (o pavilhão auricular) até ao piso mais alto (córtex auditivo).
O hall do prédio é responsável por receber os sons e conduzi-los ao elevador.
Este elevador acede aos vários pisos, o som é transformado em impulso elétrico e à medida que subimos vamos aumentando o grau de complexidade do processamento. Mas como em tudo na vida, para tudo correr bem necessitamos que tudo funcione desde a base, das tarefas mais simples às mais complexas.
Primeiramente temos de ser capazes de detectar, estar atentos auditivamente a um som, ou até mesmo a um silêncio.
Depois, temos de ser capazes de discriminar as características dos sons (tempo, amplitude e o tipo de som), isto é o que permite detetar as diferenças nos fonemas, a prosódia de quem fala connosco.
Em seguida, necessitamos conseguir localizar, saber de onde vem a fonte sonora, para conseguirmos realizar a interação binaural (ser capazes de saber de onde vem o som, quando temos mais barulho, como nas salas de aula).
O reconhecimento é o passo seguinte, através dele conseguimos saber que som era, como era, com que intensidade, duração e frequência, aquele som apareceu.
Já a compreensão do que ouvimos, permite reconhecer e compreender o som, com ou sem ruído, permite prestar atenção (seletiva) quando existe distratores sonoros, como quando tentamos conversar no meio de um refeitório cheio de outros ruídos.
A integração da informação auditiva, permite integrar com outros sentidos, fazer a associação auditiva-visual, entre outras.
E a magnífica memória, que para além de armazenar informação, também consegue recuperar estímulos, capacidades, saber a duração e a sequência de um padrão sonoro.
Mas a memória e atenção, são a base de todas as habilidades auditivas, ou seja, mesmo quando a alteração no processamento auditivo central é num piso inferior, trabalhamos sempre a memória e atenção!
Se, se lembrarem do texto anterior dos vários tipos de atenção, conseguem entender a complexidade do tema.
Mas será que todas as crianças disléxicas têm alteração no processamento auditivo central?
Não! Mas o exame de processamento auditivo central deve ser feito em caso de dúvida.
Procurar um audiologista é uma das etapas na intervenção com dislexia, e depois de testes feitos, realizar terapia da fala com treino em processamento auditivo.
Quanto mais específica for a intervenção, mais assertiva é a ajuda!