Lembras-te?

Lembras-te?

Este assunto deixa qualquer um com os cabelos em pé.

Pedidos que são esquecidos, recados que não são dados, inúmeras coisas que ficam por fazer, brinquedos esquecidos por aí, trabalhos de casa que não saíram da mochila até ser domingo à noite e hora de ir para a cama, ou para mim a mais desesperante, “lembrei-me que amanhã tenho de levar uma cartolina para a escola, a professora pediu…”.

Peixinhos de aquário que enervam qualquer um, até o mais poderoso ser zen.

Mas o mais engraçado é que nunca relacionamos estas situações com a aprendizagem!

Esquecemo-nos das pequenas coisas, como garantir se a dificuldade de aprendizagem da criança, não passa por dificuldade de conseguir entender e reter a informação do que o professor diz, pois não conseguir diferenciar o ruído de fundo da sala de aula. Ou será que é porque têm dificuldade na memória operacional fonológica, aquele mecanismo que está sempre a acontecer de descodificação e codificação?

Mas será “só” mesmo o som de fundo que distrai, o processamento auditivo fica alterado e não memoriza? Ou “só” a memória operacional fonológica? Ou a tudo aquilo que temos vindo a falar se podem ainda juntar mais outras coisas?

Nunca nada é assim tão simples, cada um de vós que nos lê vem por uma queixa específica, e essa mesma queixa, tem uma causa tão diferenciada.

Mas afinal de contas estão com falta de concentração ou de atenção?

É que concentração é a capacidade de manter o foco no que estou a fazer, e atenção é a capacidade de saber como estou a fazer, onde estou a fazer, para que estou a fazer, um sem número de detalhes e informações.

Vamos falar então de atenção? Começamos pela base, temos quatro tipos de atenção: seletiva, dividida, alternada e sustentada. Cada uma realiza uma atividade, mas cada uma delas necessita das outras, e todas elas participam no nosso dia-a-dia.

A seletiva é o nosso foco inicial, é quem nos permite direcionar a concentração para os estímulos que são importantes e ignorar o que não é importante.

Já a dividida, como o próprio nome diz, garante que conseguimos direcionar a atenção para vários estímulos ou tarefas em simultâneo como conversar.

A atenção alternada, permite-nos mudar rapidamente o foco de atenção entre diferentes tarefas ou estímulos. Permite-nos ser mais moldáveis ao dia-a-dia e menos literais.

Por último a atenção sustentada, é o pilar máximo na educação. É este tipo de atenção que permite manter o foco numa tarefa específica por um período prolongado. Componente que anda de mão dada com as funções executivas das crianças, aquelas funções que crescem com eles, desde o controlo inibitório, autorregulação… componente base à aprendizagem.

Quando há alguma falha, falha a concentração, e por consequência falha também a aprendizagem.

Já sei que desse lado certamente há suspiros e o pensamento de que nada podia ficar pior! Nada disso, ânimo! Agora podemos saber o que está a prejudicar o processo, e como por aqui somos sempre muito positivas, sabemos também que há como treinar a atenção e por consequência ajudar as nossas crianças!