
Motivação
- Fevereiro 15, 2020
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Como é que eu ajudo a minha filha?
Trabalhando com ela todos os dias. Às vezes corre bem e consigo ter a paciência e a criatividade para chegar a ela. Ela percebe e colabora com atitude. Demoramos meia hora. Outras vezes chego cansada, exijo demais e ela entra num looping de birra e choro. Chegamos a demorar 2 horas. Esses dias correm mal porque eu acabo por usar o Poder em vez da Autoridade – erro crasso. Se pensar bem ela tem 8 anos, o meu papel tem de ser no sentido de a influenciar para que queira fazer a terapia: usar a via da influência e não do domínio.
Reconheço que isso é difícil para mim. A Francisca é uma negociadora nata, por isso eu sei que não posso vacilar, nem ceder à birra. O segredo está em levá-la a decidir fazer os trabalhos por ela. Não dou prémios, nem castigos. Às vezes pergunto: Achas que precisas de chorar um bocadinho para te acalmares? Ela sente que eu não vou desistir, que não estou contra ela e que estou calma. Diz-me que sim, chora uns minutos, dá-me um abraço e começamos do zero. A partir daqui é meia hora.
É muito importante que o trabalho seja uma rotina tão enraizada como lavar os dentes. Só assim vão treinando a mente para processarem a informação de forma mais automática.
Eu gosto muito de ler. E quando me apercebi da dislexia da Francisca direccionei a minha leitura para livros que me pudessem facilitar a vida. Estou a ler um livro muito interessante que se chama “Pensar depressa e Devagar” de Daniel Kahneman (prémio nobel da economia) que refere que a mente opera em 2 sistemas:
Sistema 1 – opera automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e sem sensação de controlo involuntário
Sistema 2 – distribui a atenção pelas actividades que a exigem, incluindo os cálculos complexos
Nós usamos 90% do tempo o sistema 1 (modo automático) e 10% o sistema 2 (modo que implica esforço de raciocínio).
Não li ainda estudos sobre o tema, mas se para nós a leitura é automática, para ela sendo disléxica ainda não é. Isso implica um nível de esforço muito grande. Só treinando a mente é que se consegue que lentamente a leitura vá sendo mais automática, e assim reduzir o cansaço e progredir. Para mim, entender isto ajudou-me muito a perceber a razão do cansaço extremo dela com actividades (de leitura e escrita) que para uma criança sem dislexia são básicas.
Para terminar, eu celebro sempre com ela as conquistas! Sempre!
4 Comentários
Manuela Pinto
17th Fev 2020 - 23:18O segredo está em celebrar com ela, e não por ela, cada pequena conquista 😍
Muita força, coragem e foco. Insistir e persistir para os levar a querer fazer, são as palavras de ordem!
Abraço às duas.
Patrícia Teixeira de Abreu
4th Mar 2020 - 20:57Olá Manuela,acho que disse tudo :”celebrar com ela”. Ajudá-los com calma, tranquilidade e confiança faz toda a diferença.
Um beijinho
Daniela Ferreira
26th Fev 2020 - 16:01Gosto muito 🙂
a minha filha agora com 15 anos foi lhe diagnosticado exatamente na mesma altura as mesmas dificuldades e hoje no 10 ano ainda sobre com isso…comparasse aos colegas.
E diz ” eu sabia porque não escrevi no teste? porque hesitei eu tinha certo e fui alterar! ”
bjs
Patrícia Teixeira de Abreu
4th Mar 2020 - 20:39Olá Daniela,
Que bom! Obrigada pelo feedback.É sem dúvida um caminho, mas chegam onde chegam os outros.
Um beijinho Patrícia