
Atitude
- Fevereiro 15, 2020
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Nós trabalhamos todos os dias. E isso não é pacífico. “Mas porquê que os meus amigos não trabalham e eu trabalho?”, “Porquê que eles têm boas notas e eu não?”, “mas porquê..?”.
Eu aposto sempre em explicar que todos somos diferentes, e que há pessoas que fazem as coisas mais rápido e melhor do que nós. Isso não faz mal. Há também outras ocasiões em que nos esforçamos ao máximo e não temos resultados. Isso significa que temos de tentar fazer as coisas de outra maneira. Eu não “abebezo” a coisa. Nada disso. Temos as duas conversas sérias à crescida, adaptadas à idade dela, sobre sucesso. Pessoas de sucesso não são as que fazem tudo bem e então chegaram ao topo. Pessoas de sucesso caem muitas vezes, erram muitas vezes mas levantam-se sempre. Não desistem e valorizam enormemente as conquistas. As crianças disléxicas precisam de trabalhar muito a autoconfiança, e na minha opinião uma forma de os ajudarmos é integramos no nosso dia a dia atitudes de sucesso. E é muito giro ver que eles percebem que a atitude faz a diferença.
A ida para a terapia é sempre penosa. Não gosta. Não quer. Aquilo é duro é muito cansativo. São 45 min que equivalem a 3 horas. A terapia é relativamente perto da escola. Nós vamos a pé. Reservo sempre algum tempo para a ir buscar com calma à escola, para que ela tenha tempo para refilar, se acalmar e finalmente entrar no “mood”. No início parava a meio do caminho de birra. Eu de saltos, mochila, guarda-chuva e a minha filha pela mão achava aquele caminho mais penoso que 12 horas seguidas a trabalhar. Depois fui adaptando, nada de saltos e aproveito o caminho para a distrair e falarmos sobre coisas importantes para ela: brincadeiras com as amigas, projectos de fim-de-semana e etc.
Ela tem a plena consciência de que a atitude é fundamental para a sessão correr bem. No outro dia vinha irritada: “Mãe detesto zangar-me com as minhas amigas à sexta-feira. Porque isso prejudica a minha atitude. Fico ainda mais irritada e depois isto não vai correr bem”.
“Isto não vai correr bem” é a sessão com a terapeuta. Porque, quando ela não vai com motivação para trabalhar, a terapeuta é mais dura, e a sessão é muito mais stressante. Custa-me. Às vezes custa-me imenso aquela exigência. Mas sei que é preciso. O mais fácil seria desistir, aproveitar o regime especial e deixar andar devagarinho. Mas isso não seria bom para ela. Os disléxicos chegam onde chegam os outros. Com muito mais trabalho. Mas chegam lá.
2 Comentários
Magda
27th Fev 2020 - 2:26Bom dia.. Tenho um menino que tem dislexia com 8 anos e sensível e amoroso., mas é muito preguiçoso o que dificulta o estudo e compreendo porque eu também descubri que sou dislexia. O que sinto falta são métodos,formas,esquemas para o ajudar. De uma forma estou a pedir ajuda.
Patrícia Teixeira de Abreu
4th Mar 2020 - 20:28Boa tarde Magda,
Eu acho que para nós pais o ínicio é o mais dificil. Vamos conseguindo com tentativa erro. No blog eu partilho as estratégias que uso com a Francisca. Cada criança é diferente,mas podem servir de ideias para o seu filho. Na minha opinião a terapia ajuda muito. Muita força! Um beijinho Patrícia