
Integrar a dislexia na rotina familiar
- Março 13, 2020
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Depois do período inicial de extremo cansaço em que senti claramente que não fazia mais nada a não ser trabalhar (como profissional, mãe, professora), achei que a bem da minha sanidade mental e das minhas filhas era importante delegar e dividir tarefas.
A terapia é diária, mas as irmãs apoiam nos trabalhos de casa duas vezes por semana e sempre que é preciso. Ajudam também noutras tarefas domésticas para que eu possa estar com a Francisca a trabalhar. Aprendi que é preciso saber dosear o esforço, moderar expectativas e fundamentalmente introduzir muita flexibilidade nas nossas rotinas.
Sim, trabalhamos todos os dias, mas sem horário rígido marcado. Porque a terapia não é um castigo e tem de ser cada vez mais um espaço de partilha, onde conversamos sobre a escola e depois nos concentramos à seria no trabalho que temos para fazer.
Enquanto família aproveitamos todos os momentos para irmos ensinando a Francisca de forma mais leve. A confusão entre o “b” e o “d” foi resolvida com um papel na parede da cozinha (em frente ao lugar do pequeno almoço) com um “b” e uma Bola e um “d” e um Dado. Ensinar-lhe quantos distritos tem Portugal também não foi difícil: “Francisca Portugal é adulto ok? Tem 18 distritos”. Nas viagens há sempre um concurso de tabuada e antes de dormir lemos um livro em conjunto.
É um verdadeiro trabalho de equipa, em que a criatividade tem de ser o factor principal. Nem sempre é fácil ou pacífico e falhamos muitas vezes. Mas não tenho a mínima dúvida de que é uma enorme preparação para a vida ao nível da auto liderança, paciência e persistência.