
The end
- Junho 17, 2022
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Hoje foi o último dia de aulas e fui buscá-la a achar que estaria radiante. Só que não. Disse-me aflita que a nota de inglês tinha sido horrível.
– Por favor não te chateies comigo mãe.
– Não – disse eu admirada
– Foi a mais baixa de sempre – disse envergonhada.
– Hummm o que será a nota mais baixa de sempre – pensei eu, fazendo um esforço mental para me lembrar das notas anteriores.
A nota que estava no teste na parte da gramática deixou-me doente. Mas doente de ser inferior a 20%. Não disse nada. Só lhe dei um abraço, porque as lágrimas caiam em catadupa numa aflição porque não tinha percebido as perguntas e nunca na vida tinha tido uma nota tão má. (de salientar que no writing que é supostamente o mais difícil teve 60%)
E sem querer desculpar rigorosamente nada, porque na verdade a gramática é a coisa mais fácil de assegurar – o que significa que houve algo em que falhei redondamente, deixo esta mensagem, que extrapola o Inglês e que gostava que não fosse entendida como tom de crítica mas como uma sugestão de uma mãe,que não quer que exijam menos da filha mas que muitas vezes se sente impotente perante um sistema que não resulta e é profundamente injusto.
“Queridos professores
Uma ideia que pode ajudar estas crianças
quando o professor entende que não tem de explicar nada no teste e não tira dúvidas, mesmo que o aluno seja disléxico é colocar um exemplo. Uma pergunta respondida. Não custa nada. É tão simples.”
Não me querendo alongar mais, confesso que me sinto profundamente aliviada pelo ano ter acabado.Sinto-me exausta. Lutar sempre pelo mesmo cansa. Mas cansa mesmo. Precisamos as duas de férias.
PS- Às vezes a vontade de desistir de sensibilizar é imensa. Mas não vou desistir. Vai sair entretanto para os professores um manual com várias ideias de adaptação de testes construído por um grupo de profissionais. Gratuito claro.
4 Comentários
Susana Arada
18th Jun 2022 - 10:22Muito obrigada por esta partilha. Estou no mesmo barco e identifiquei-me completamente com este desabafo. Sendo eu mãe e professora, ainda me custa mais entender a resistência de alguns colegas de profissão. Foi também um ano de luta cá em casa.
Patrícia Teixeira de Abreu
25th Jun 2022 - 18:10Susana ❤️
Marta Gonçalves
3rd Out 2022 - 14:03Ai… tão verdade, por aqui também passamos pelo mesmo, especialmente no inglês. Tenho três filhos com dislexia, em grau ligeiro, grave e severo. E cansa tanto andar a batalhar pelo mesmo, vezes sem conta, a fio… Revejo-me nesse cansaço que descreve, nesse sentimento de os ver (e a mim própria) limitados por um sistema que não resulta e é injusto, sim. Com vontade de desistir tantas vezes, sem dúvida, mas avançando com alegria e ranger de dentes, em simultâneo, por ter a oportunidade de estar presente e ver cada uma das suas conquistas, assim como os desafios e as lágrimas que precisam de ser enxutas.
Patrícia Teixeira de Abreu
31st Dez 2022 - 18:24Muita força Marta! beijinhos