Será dislexia?
- Março 10, 2020
- por
- Sara Lourenço Gomes
A entrada na escola é uma alegria para pais e filhos, a descoberta do mundo das letras e números, o desafio o crescer.
Aparecem as vogais, os ditongos (junção de duas vogais), a motricidade fina começa a ser levada ao limite com tanta repetição das mesmas vogais…
O feedback que vem da escola é que precisamos de ter calma, talvez estimular um pouco mais, deixar crescer um bocadinho…
Começamos a observar que as letras são escritas em esforço e que a caligrafia mais se assemelha a hieróglifos.
A criança não evolui, não há como conseguir que memorize cinco vogais, os ditongos viram pesadelos e de um momento para o outro a professora começa a ensinar consoantes! Desespero total!
Como fazer entender que a letra /f/ que todos lhe chama de “efe” ao ser lida tem o som de “fe”, mas agora a exigência é outra, precisamos juntar consoante e vogal, e volta o pesadelo das vogais.
Começa a luta de /f/ e /a/, fa, /f/ e /e/ fe… Mas a cantilena do fa, fe, fi, fo, fu não sai, e tentamos e voltamos a tentar, mas nada de conseguir distinguir, e quando devia de sair um fa, a criança lê um fo, e depois corrige para fe, e começa a lengalenga do estou cansado/a, não me lembro, a professora não explica como tu, e as idas à escola viram tormenta, o desespero e a tristeza começam a querer instalar-se.
Perante a dificuldade de aprendizagem e angustia que pais e filhos sentem, a necessidade de se descobrir a causa é enorme.
Mas como saber ao certo se é ou não Dislexia?
Será igual em todas as idades? Todos os meninos apresentam as mesmas dificuldades?
Por favor Pais não leiam o seguimento deste texto como se de uma lista se tratasse, não se realiza o diagnóstico de Dislexia por cumprir um ou mais itens que vão abaixo ser descritos.
Para um correto diagnóstico de Dislexia, é necessária a avaliação por parte do Terapeuta da Fala, Pediatra e informação da Educadora/Professora.
A escola pode dar algumas indicações aos pais sobre as dificuldades que a criança está a sentir, o Pediatra avalia e indica o caminho para a Terapia da Fala, a Terapia da Fala indica a estratégia a seguir, e os Pais em colaboração com todos os técnicos têm de estar incluídos no processo de trabalho.
Fatores a ter em conta dos três aos cinco anos:
- Falar tarde, discurso infantilizado, palavras mal pronunciadas, podendo fazer assimilações e trocas de silabas.
- Dificuldade na aprendizagem de novas palavras, não memorizando a palavra e/ou significado, e quando solicitado ser incapaz de a produzir corretamente.
- Dificuldade em aprender as cores, formas, dias da semana, meses do ano, estações, nomes dos pais, incapacidade de memorizar o nome das letras do próprio nome.
- Dificuldade ao tentar rimar palavras, ou entender o que são rimas,e de reconhecer grafemas e fonemas.
- Dificuldade no desenvolvimento da motricidade fina. Ainda não é capaz de abotoar sozinho o casaco, o fecho do casaco, cordões dos sapatos, não faz correta pega do lápis.
Dos cinco aos nove anos:
- Todos os parâmetros anteriores.
- Dificuldade no processo fonológico. Dificuldade em entender que as palavras podem ser divididas em partes, em associar letras a sons, em separar sons em palavras e misturar sons para fazer novas palavras.
- Dificuldade na memorização do grafemas e das suas representações sonoras (fonemas).
- Dificuldade de ler palavras simples. Em contexto individual ou de texto.
Dos nove aos treze anos:
- Todos os parâmetros anteriores.
- Vergonha em ler em voz alta.
- Discurso não fluente com muitas hesitações, com dificuldade em encontrar as palavras certas.
- Dificuldade em distinguir palavras com sonoridade semelhante quer na leitura quer na escrita.
- Dificuldade em interpretar textos, interpretar enunciados de problemas matemáticos ou realizar testes de escolha múltipla.
- Tempo de leitura não adequado e leitura com muitas imprecisões.
Os parâmetros são variados, mas quanto mais cedo se fizer um diagnóstico, mais depressa poderemos começar a ajudar a criança a ultrapassar as dificuldades na leitura e na escrita, corremos deste modo um menor risco de uma diminuição de auto-estima e de aversão à escola.
É necessário explicar à criança tudo o que se está a passar de modo claro, sem causar ansiedade, mas explicando que existem outros métodos de aprendizagem da leitura e da escrita que vão ser experimentados, e que todos juntos vamos encontrar o caminho…