Ser diferente

Ser diferente

Normalmente quando há muitas birras e resistência é porque há alguma coisa que preocupa a Francisca e não consegue exteriorizar. No meio do braço de ferro entre o “não quero fazer os trabalhos” e um sentido “és tão má” desatou a chorar e confessou: “Eu não quero ser diferente dos outros meninos Mãe”. Não consegui evitar que as lágrimas me viessem aos olhos. Eu daria tudo para que não te sentisses diferente minha baby querida – pensei.
Não vale a pena fingir que não é diferente. Então dei-lhe um grande abraço até ela se acalmar e expliquei-lhe que ser diferente não é necessariamente mau. O que seria dos filmes da Disney se o Walt Disney não fosse disléxico? E o que seria da física sem o Einstein? Eles chegaram onde chegaram precisamente porque eram diferentes, porque aprenderam de forma divertida, porque não seguiram os mesmos caminhos que os outros. Isso permitiu aumentar a sua criatividade. Se foi difícil? Foi. Se trabalharam mais do que os outros? Sem dúvida. Mas foi o facto de serem diferentes que os levou tão longe.

Olhou para mim mais descansada. É importante que se sinta confiante. Esse é o meu papel. Não é facilitar é dar-lhe as ferramentas emocionais para enfrentar os desafios.

Eu acredito que nada acontece por acaso, e tive sorte. Porque precisamente nesse fim-de-semana estivemos em casa da Bisa que tinha um casamento e queria levar uma gargantilha com um pingente pendurado. A questão é que a gargantilha estava partida e não se aguentava. A Bisa no alto dos seus 92 anos não equacionava uma alteração de planos e não levar o pingente estava fora de questão. Depois de mais de uma hora de tentativas à volta da gargantilha, a Francisca diz simplesmente: “Mas porquê que não usam este colar que a bisa tem aqui em cima da mesa e não penduram o pingente?” – básico. Mas a verdade é que ninguém se tinha lembrado disso tão focados que estávamos com o resultado final.

A Bisa foi radiante ao casamento com a solução da Francisca e eu aproveitei para valorizar a criatividade e explicar à Francisca a importância de pensar diferente – a verdade é que se sentiu super importante por ter resolvido um problema de crescidos.

Depois deste episódio passei a compreender profundamente a frase do Einstein:

“Insanity: doing the same thing over and over again and expecting different results”

Patrícia Teixeira de Abreu

Vivo a vida com intensidade e acredito que a dislexia pode ser uma oportunidade única de crescimento para uma família de miúdas com garra.

Artigos Relacionados

Manual para professores

Manual para professores

Junho 25, 2025
Matemática

Matemática

Junho 25, 2025

Deixe o seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *

Sobre

About Me
Determinada, entusiasta e enérgica gosto de sentir que crio valor. Desafios que envolvam comunicação, liderança e criatividade são para mim! Gosto do frio da barriga de novos começos. A monotonia aborrece-me e a paciência não é propriamente o meu forte...

Continuar a ler

Dislexia dia a dia

Contactos

Instagram

Parceiros