
Preciso de paciência… (e tempo também)
- Junho 03, 2020
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Estamos sempre acelerados. Vivemos a correr. Queremos tudo rápido. Fazemos 1001 coisas e estamos super ocupados. Passamos o dia entre o telefone, as reuniões e o computador. Tudo em ritmo acelerado. Ficamos com a sensação que não temos tempo. Como se fosse tudo uma corrida ou um jogo de acumular pontos por tarefa efectuada. Acabamos o dia exaustos.
A dislexia é um choque com outra realidade. É o nosso travão a uma vida meia louca. Podemos ir cheios de velocidade, energia e objectivos.Queremos que aprendam tudo e rápido, claro. A dislexia é o nosso STOP do dia. Obriga-nos a reprogramar e a desacelerar, porque se estivermos na dislexia com a mesma velocidade da vida o resultado vai ser gritaria.
Sabemos isso tudo mas às vezes esquecemos-nos, naquela ânsia que os nossos filhos aprendam e não fiquem para trás.
Na semana passada andámos às voltas com as fracções. Identificar fracções nas figuras e identificar as fracções na recta. Eu achei que aquilo era para fazer de seguida. E fiquei surpreendida quando achava que já estava apreendido e voltámos ao zero. E voltámos a tentar e voltámos ao zero outra vez. Comecei a ficar impaciente. E a terapeuta disse-me: “compre um chocolate e explique as fracções para ela materializar. Só depois é que podemos pensar em colocar os números na recta e fracções equivalentes e etc” . Esta frase foi o meu travão.
Foi mais fácil a Francisca perceber as fracções assim, mas até fazer o click penei um bocado. Quando acabámos dividimos uma barrita. Devo ter sido bastante insistente porque ela disse-me : ” Para veres que eu percebi vou-te dar 2/5 da barrita e comer 3/5 Mãe. 3/5 Mãe, ok? Sim Mãe, e antes que perguntes a barrita são 5/5″
A dislexia exige tempo e calma. Nem sempre estamos nesse “mood”, não tenhamos ilusões.