Criatividade

Criatividade

Os disléxicos são muito mais visuais que auditivos. Ou seja é muito importante a visualização das palavras para memorizarem. O que eu sinto com a minha filha é que posso pedir-lhe 50 vezes para escrever uma palavra e se for por ditado (sem ter visualizado a palavra) é possível que erre as 50 vezes, mesmo que diga antes as letras que compõem a palavra. É absolutamente desesperante.

É preciso olharem para a palavra. É a imagem que é memorizada. Por isso é tão importante que não vejam palavras com erros. É essa a imagem que vai ficar.

Há uns tempos tivemos a saga dos ditados na escola. Às segundas-feiras tinham ditado. Na primeira semana eu não sabia. Fez o ditado sem treino: dois parágrafos, dezassete erros. Fiquei doente.

Passámos o fim-de-semana seguinte em casa. Treinámos o ditado, nem sei… mais de dez vezes. Foi o fim-de-semana inteiro dedicado áquilo. Brincávamos, fazíamos o ditado, fazíamos o ditado e brincávamos. Cheguei a segunda feira cansada e irritada do fim de semana. Estava ansiosa com o resultado do ditado. Disse-lhe: “Não importa se corre bem ou mal, importa que o faças com atitude. Não fiques preocupada com o resultado”. Fez o ditado. 13 erros. Fiquei frustrada. Depois de tanto trabalho, como é q é possível? Ela ficou triste. Esperava melhor. E eu pensei, não vou voltar a fazer isto. Não resulta. A terapeuta concordou. Não vamos gastar os créditos com algo que não tem retorno nenhum. É melhor investir o tempo com ela nos exercícios específicos que vão permitir a leitura automática do que a tentar algo para o qual ainda não está preparada.

Passámos a treinar os ditados de forma lúdica (e só para não ficar completamente “out”). Escrevo o texto. Recorto as palavras. E à medida que vou ditando ela constrói o texto como se fosse um puzzle. Com 2 brincadeiras conseguimos menos de 13 erros no ditado seguinte. Ficámos as duas muito mais felizes.

Patrícia Teixeira de Abreu

Vivo a vida com intensidade e acredito que a dislexia pode ser uma oportunidade única de crescimento para uma família de miúdas com garra.

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4 Comentários

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    Ana Dias

    18th Fev 2020 - 12:06

    Muito obrigada pela partilha, é bom saber que existem mais pessoas que lidam com os mesmos problemas que nós. Para a maioria das pessoas, incluido professores é dificil perceber que é necessário muito trabalho para se conseguir pequenos avamnços, mas que cada pequena conquista nos enche o coração, vê-los sorrir e a confiar nelos próprios é o nosso melhor pémio! Só com muito amor se consegue avançar, porque existem dias em que desistir seria muito mais fácil para todos!

      Patrícia Teixeira de Abreu

      Patrícia Teixeira de Abreu

      4th Mar 2020 - 20:52

      Olá Ana, é verdade há dias dificeis. Mas também há dias,como diz, de uma alegria imensa em que temos a absoluta certeza que os nossos filhos vão longe. Um beijinho Patrícia

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    Maria

    26th Fev 2020 - 19:08

    Boa tarde,
    Ouvi-a de manhã e estive agora a ler os seus posts.
    Em relação ao ditado em sala de aula, não é propriamente pela questão visual ou auditiva. A velocidade a que o mesmo se processa não lhes permite recorrer às estratégias que lhes fornecemos para evitar o erro.
    O mesmo ditado feito individualmente , respeitando os tempos da a criança e permitindo lhe aceder aos seus conhecimentos fonológicos terá muito menos erros ortográficos.
    Tenho alguns conhecimentos nessa área e peço habitualmente aos professores para não os sujeitarem a essa «penitencia».
    Não conheço o caso da sua filha, mas no geral, não direi que os disléxicos são visuais e não auditivos. Será mais um ensino multissensorial.
    Gostei do a, que bate com a cabeça para trás, associado ao é grave, é. Estamos sempre a aprender…
    Obrigada

      Patrícia Teixeira de Abreu

      Patrícia Teixeira de Abreu

      4th Mar 2020 - 20:37

      Boa tarde Maria,
      Obrigada pela sua explicação. Eu também acho que o ensino multissensorial resulta muito.
      Todas as ideias e sugestões que possam resultar no trabalho com estas crianças,serão sempre bem-vindas!
      Um beijinho Patrícia

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