
Quando somos pais sozinhos…
- Julho 20, 2025
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Quando o pai ou a mãe dos nossos filhos morre é como se ficasse a faltar para sempre uma peça no puzzle daquela família. Não interessa se os pais eram namorados, casados ou divorciados. No lugar dessa peça fica um buraco que não pode ser preenchido com nada. Há dias em que esse buraco parece pouco profundo há outros que é escuro e grande.
O pai ou a mãe que ficam passam a acumular os dois papéis e nem sempre é fácil lidar com isso. Não pelo trabalho adicional que pode representar, mas pela responsabilidade, pela solidão e pela incapacidade de substituir o que não é substituível. O pai ou a mãe que ficam precisam de aprender a estar sem consolar, a aceitar que a vivência da dor não é evitável, a acolherem as raivas, irritações e silêncios dos filhos que por vezes sentem como injustos mas que mais não são que uma expressão da tristeza.
Quem fica precisa de um treino intensivo na arte de relativizar e de gerir emoções sem se deixar levar pela preocupação e pela ansiedade de pensar que passou a ser o único responsável pelos filhos. Do lado dos filhos nem sempre conseguimos ser descanso para o medo (ir)racional do “e se te acontece alguma coisa?”
Quem fica será sempre colo, com o preocupação de não tornar os filhos dependentes e de aumentar a sua rede de apoio para que o colo se multiplique entre família, amigos e colegas.
Se eu pudesse resumir o “quem fica” o que me ocorre é o de uma grande solidão na parentalidade, e uma total impotência perante a tristeza dos filhos principalmente nos dias especiais (como o de hoje em que o pai das minha filhas faria anos). E a verdade é que isto não passa com os anos, mas aprendemos a aceitar que faz parte e a calibrar a nossa autoexigência.
Orgulho gigante nas minhas filhas e na forma como ressignificam estes dias ❤️❤️❤️