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Como funciona a memória?
- Março 07, 2021
- por
- Sara Lourenço Gomes
Vamos falar de memória, ou melhor do que aparenta ser a sua falta.
Todos nós já lidámos com a situação de explicar um exercício, regra, ou simplesmente pedir algo a uma criança, e como resultado aparentemente está tudo bem, mas nem cinco minutos depois parecer que nada lhe foi dito ou explicado.
Memória de peixinho de aquário? Má vontade? Explicámos mal? Mas afinal o que é que se passa com esta criança?
Imaginem que estamos numa pista de atletismo em prova de estafetas (aquela corrida onde passam o bastão uns aos outros, cedendo a vez na corrida), a pista é o nosso cérebro, e cada atleta é uma parte (área cerebral) envolvida no processo de transporte e de armazenamento da informação, e o bastão é a informação propriamente dita.
Mas este bastão deixou de ser um objeto sólido e fragmenta-se a cada passagem de mãos.
A cada passagem, cada corredor fica mais lento, e o bastão mais desfragmentado. Cada entrada de informação, tem de percorrer um caminho, que envolve vários circuitos cerebrais em simultâneo.
E isto não ocorre uma única vez, é um processo continuo e muito rápido. E cada atleta (área cerebral) está a correr em várias corridas em simultâneo com vários bastões (informações).
Então a falta de memória é por incapacidade? Nada disso!
Não se esqueçam que o esforço das nossas crianças é superior, e que cada corredor não fica apenas encarregue de assimilar, transportar e armazenar a nova informação, mas também tem de a correlacionar com a informação anterior, e ainda está ocupado em integrar neste processo todo, toda a informação afeta à codificação e descodificação das letras e sons, ou sons em letras.
Ou seja, ele não é incapaz, ele está sobrecarregado!
Este corredor com estes bastões que se desfragmentam, fica tão sobrecarregado, que para receber mais bastões e se manter na corrida, vai largando os bastões iniciais pela pista fora, mas não os passa aos seus colegas de equipe, nem os entrega no final da corrida. Ou seja, a informação fica perdida, ou não encadeada, apesar de termos terminado a corrida.
Uma maneira simples de perceber este circuito de informação, é solicitar à criança que nos confirme se entendeu o que lhe foi explicado, mas não podemos ficar por aqui, é necessário solicitar que nos diga o que entendeu, nas suas próprias palavras, passo a passo.
Neste momento de reconto de informação, podemos identificar o que foi perdido, confundido ou mal-entendido. Pois queremos ter a certeza de que a memória que é armazenada é a correta.
Se os adultos fizerem este exercício na sua própria vida quotidiana, descobrem que muitos dos seus problemas terminam, pois entre o que se diz e o que é ouvido, fica imensa informação perdida ou mal-entendida.
Toda a aprendizagem vem de mecanismos de repetição, em todas as crianças, jovens ou adultos. Repetir várias vezes, num ambiente agradável e sem stress potencia esta memorização.
Associar ferramentas é indispensável. Afinal temos um bastão pouco sólido e uns corredores que precisam de ajuda durante a corrida.
As ferramentas serão sempre os pontos fortes dos vossos filhos.
Mnemónicas, mapas mentais, esquemas, tópicos, cores, associações ao dia-a-dia, momentos felizes… tudo ajuda!