
Semana #4 – Quarentena by Francisca
- Abril 12, 2020
- por
- Patrícia Teixeira de Abreu
Estamos na quarta semana. Eu continuo a fazer os meus webinares em comunicação, o que me tem ajudado a conseguir comunicar melhor com a Francisca e principalmente a ouvi-la.
Achei que era interessante partilhar aqui a visão da Francisca da quarentena. Como é que se sentem as nossas crianças no meio de toda esta confusão? O que é que valorizam? Será que já parámos para pensar e alinhar estratégias? Confesso que no meio de tanta coisa não tenho feito isso como gostaria. É importante ouvi-las. Na verdade há tantas coisas simples que as podem pôr no estado emocional positivo e nem sequer nos lembramos de as utilizar.
Simple as that:
Gosto de estar sempre com a mãe.
Gosto de almoçar e jantar sempre com a mãe e com as manas.
Gosto de acordar mais tarde e abraçar a mãe que está na cozinha a trabalhar.
Gosto das torradas da mãe.
Gosto de ver tik tok.
Gosto de limpar o pó.
Gosto de brincar com a mãe.
Gosto de fazer presentes para a mãe.
Gosto de aprender a contar o dinheiro com moedas verdadeiras.
Gosto de andar de trotinete.
Gosto de arrumar a sala em tempo recorde.
Gosto de fazer bolos.
Gosto de brincar com o meu cavalo (leia-se cavalo de pau).
Gosto de jogar à forca.
Gosto de escrever nos quadros de brincar.
Não gosto de estar o dia todo em casa.
Não gosto de só ter meia hora no Ipad.
Não gosto de arrumar as coisas depois de limpar o pó.
Não gosto que a mãe trabalhe tanto.
Não gosto de não ir passar a Páscoa a casa dos avós.
Sinto falta de ir à escola para ver os meus amigos.
Sinto falta de sairmos aos fins de semana.
Sinto falta de ir à terapeuta, e do caminho em que vamos a conversar.
Sinto falta dos primos.
O quê que isto tem a ver com a dislexia?
Tudo. É uma oportunidade de aproveitar a simplicidade para aprender: Se gosta de fazer bolos é uma boa oportunidade para ler a receita,jogar à forca treina a escrita das palavras, escrever no quadro serve para brincarmos às professoras – e as professoras fazem o quê? Contas para os alunos, claro.
Nesta fase, há que simplificar, gerir o cansaço, e ter noção que se continua a ser difícil para nós, muito mais será para eles que são crianças.
Boa Páscoa!
Cenas dos capítulos anteriores:
Trabalhar com a Francisca em quarentena – Semana #1
Trabalhar com a Francisca em quarentena – Semana #2
Trabalhar com a Francisca em quarentena – Semana #3