Falhar cansa…

Falhar cansa…

O ano passado por esta altura escrevi um texto sobre o tédio da pandemia. Um ano depois, mais do que o tédio o que eu sinto mesmo é que não aguento nem mais um desafio antes das férias.

O último mês de aulas foi um mês de isolamentos. As 4 em casa, outra vez. A frustração das adolescentes, as aulas online da Francisca, os almoços e jantares, e novamente a sensação da vida em stand by. Quando finalmente nos livrámos do isolamento,nem tivemos tempo para respirar. Uma semana depois a Madalena era operada a uma apendicite com direito a uns dias internada no hospital longe de casa e a uma gestão difícil de expectativas com ferias com os amigos adiadas.

Entretanto tinham saído as notas da Francisca. Muitas vitórias e uma derrota: Matemática. Já sabíamos que iamos ter de trabalhar nas férias todas os horríveis problemas e as detestáveis contas de dividir. Na verdade é preciso voltar bem atrás, ao segundo ou terceiro ano. Pensei, já não tenho energia para isto. Só me apetece desistir da matemática e pronto.

Felizmente há alguém que não me deixa desistir: a terapeuta da Francisca. E assim todas as semanas ajustamos a estratégia, e com muita persistência trabalhamos com paciência e bem devagar. Confesso que quase 3 anos depois ainda me enerva esta lentidão na aprendizagem e muitas vezes tenho a tentação de avançar mais rápido. Não resulta. Está mais que visto. A Francisca precisa de tempo e muito treino para que as contas fiquem automáticas. E isso é cansativo. É mesmo cansativo.

Mas é nas alturas mais difíceis que penso que no meio desta confusão toda, alguma coisa devemos está a fazer bem, porque isto é mesmo um trabalho de equipa. Estava eu no hospital com a Madalena quando a Francisca me liga e diz:”Mãe não te preocupes com os trabalhos, eu vou fazer sozinha e se for preciso a mana ajuda”. E fez. E eu senti um orgulho imenso nesta miúda.

Já de energia renovada combinámos que já que temos de rever toda a matéria de matemática, vamos criar uns jogos para que outros meninos possam aprender a matéria mais facilmente. Comprei um caderno e começámos a criar os jogos. A Francisca ficou super entusiasmada e eu fiquei aliviada por termos encontrado uma forma de tornarmos este trabalho “chato que se farta”, bem mais interessante para as duas.

Patrícia Teixeira de Abreu

Vivo a vida com intensidade e acredito que a dislexia pode ser uma oportunidade única de crescimento para uma família de miúdas com garra.

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